sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mais um trecho do meu livro...


Partida

Era uma dor insuportável! A morte de sua mãe! Parecia uma faca cravada no peito, um corte profundo, uma batida violenta! Não saberia explicar.
Não havia crédito no celular. Como sempre, também faltava o dinheiro na carteira.

Nos últimos dias de vida desenvolveram uma profunda amizade. Cheia de confissões. Ela, sua mãe, concluir com sucesso o curso de enfermagem possuía uma visão política digna de grandes políticos.

Antes que a doença lhe tomasse o corpo (a mente permaneceu brilhante até o fim), lembra-se dos comícios que participaram juntas. Eram horas esperando a chegada do então candidato a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Choveu muito naquele dia.

Foi uma época incrível! A palavra chave de nossas vidas era: Utopia!

Sua mãe não acreditava que o homem realmente pudesse ter chegado até a lua. Era muito irreal para a sua utopia.

Não sabia quem estava mais doente se era ela ou sua mãe.

Sua dor era da alma, enquanto a de sua mãe, como já disse, era do corpo.

Houve um momento em que a dor dilacerava-lhe o peito e choro era compulsivo. Sua mãe arrastou-se em sua cadeira de rodas, pousou-lhe as mãos sob sua cabeça e disse-lhe que dias melhores viriam. Hoje, estás no chão. Amanhã, o sol brilhará. E então cantava:

“… Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
 Dar a volta por cima que dei
Quero ver quem dava

Uma mulher de valor
 Não fica no chão
Nem quer que ninguém venha lhe dar a mão
Reconhece a queda e não desanima
 Levanta sacode a poeira
 E dá a volta por cima..”

Ainda hoje, nos momentos difíceis, Clarice canta esta canção a ela mesma.

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